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Dólar hoje fecha em baixa pelo sétimo pregão seguido; por que a moeda está caindo?

Divisa americana chegou ao menor patamar desde 26 de novembro e acumula perdas de 5,03% em janeiro.

O dólar hoje terminou o dia em queda pelo sétimo pregão consecutivo. A moeda americana fechou esta terça-feira (28) em baixa de 0,74%, a R$ 5,8696. Ao longo da sessão, oscilou entre a máxima de R$ 5,9202 e a mínima de R$ 5,8573 — menor valor intradiário registrado desde 27 de novembro de 2024, quando chegou a R$ 5,8030. O valor de encerramento de hoje é o menor desde 26 de novembro, quando a divisa finalizou o pregão sendo negociada a R$ 5,8081.

Pela manhã, houve um ensaio de alta do dólar no mercado local, diante da valorização externa do índice DXY, que compara a moeda americana frente a outras seis principais divisas. No final da tarde, o indicador registrava alta de 0,50%, atingindo 107,883 pontos, refletindo preocupações renovadas com ameaças tarifárias dos Estados Unidos.

O presidente americano, Donald Trump, incluiu na lista de produtos importados que pretende taxar as indústrias de semicondutores, aço, alumínio e cobre, mas não especificou prazos nem os países-alvo das eventuais tarifas. O republicano também anunciou planos de impor taxas globais “bem maiores” que 2,5%, contrariando a proposta inicial do secretário do Tesouro, Scott Bessent.

Mesmo com a alta do dólar no exterior, o real conseguiu se valorizar no mercado interno devido a dados positivos da economia brasileira. A arrecadação de impostos e contribuições federais fechou 2024 em R$ 2,653 trilhões, informou a Receita Federal. Esse volume representa um crescimento real (descontada a inflação) de 9,62% em comparação ao resultado de 2023, quando o recolhimento de tributos totalizou R$ 2,318 trilhões, em valores nominais.

As reuniões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos também ficaram no radar dos investidores. No cenário doméstico, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, conforme já sinalizado anteriormente. Já no cenário internacional, a expectativa é que o Federal Reserve (Fed) mantenha a taxa de juros inalterada.

Segundo Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, a expectativa de aumento da taxa Selic também contribui para a queda do dólar em relação ao real. “Com o aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA, o país pode ficar mais atraente para o capital financeiro. É claro que ninguém quer uma taxa Selic muito alta, mas é necessário conter a inflação e também garantir uma posição sólida na nossa economia, equilibrando todos os indicadores econômicos. O mercado enxergou essa situação com um pouco de alívio, percebendo um fôlego e considerando esse diferencial como positivo para o cenário econômico”, destacou.

Douglas Sousa, especialista em macroeconomia da Top Gain, acredita que o recuo do dólar no mercado doméstico também ocorre em função da rolagem de contratos prevista para sexta-feira (31). “Olhando pelas plataformas de negociação, é possível ver que fundos locais e gringos estão vendidos em dólar. Na minha opinião, a queda está muito ligada à especulação desses fundos visando um dólar mais barato na rolagem”, explicou.

Por que o dólar está caindo em janeiro?

O dólar acumula, em janeiro, perdas de 5,03%. Na última semana, a moeda americana fechou abaixo de R$ 6 pela primeira vez no ano, retomando os patamares observados em novembro. O mercado avalia que as propostas recentes apresentadas por Donald Trump foram mais brandas do que as inicialmente previstas.

Na última terça-feira (21), o republicano afirmou a jornalistas que discute a imposição de uma tarifa de 10% sobre produtos importados da China a partir de 1º de fevereiro. A taxa planejada, contudo, é mais amena do que a prometida durante a campanha, quando Trump chegou a anunciar uma tributação de até 60%.

O real também se beneficia da falta de notícias turbulentas na área fiscal brasileira. Com o recesso parlamentar, que se estende até fevereiro, a agenda doméstica tem sido mais tranquila. Agora, o foco dos investidores volta-se para a chamada "Super Quarta", com as decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil.

Elson Gusmão, diretor de operações da Ourominas, reforça a importância de acompanhar os desdobramentos dessas reuniões. “Acompanharemos os discursos e comunicados do Fed e do Copom, que podem fornecer diretrizes para os próximos passos das políticas monetárias. Como se sabe, o mercado se antecipa a essas decisões, e são essas expectativas que influenciam o preço do câmbio”, conclui.

 




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