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Fraudes do INSS: veja a lista das 12 entidades que serão investigadas pela CGU

Sindicatos e entidades de classe autorizadas a cobrar suas mensalidades associativas diretamente dos benefícios previdenciários que seus filiados recebem do INSS.

Por anos, milhões de aposentados e pensionistas tiveram parte de seus benefícios drenada silenciosamente. Agora, com suspeitas de fraude em larga escala, o governo entra em campo para investigar o que pode ser o maior escândalo da história recente da Previdência.

A Controladoria-Geral da União (CGU) assumiu nesta segunda-feira (5) a linha de frente de uma investigação que pode revelar um esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS. O alvo: organizações civis, sindicatos e associações que cobravam mensalidades diretamente do benefício previdenciário — muitas vezes sem o consentimento dos beneficiários.

A decisão foi oficializada por meio de uma avocação — transferência formal da competência investigativa — comunicada ao novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, por ofício assinado pelo secretário de Integridade Privada da CGU, Marcelo Pontes Vianna.

Segundo a CGU, já foram abertos processos administrativos de responsabilização (PARs) contra 12 entidades suspeitas, com servidores designados exclusivamente para apurar os casos.

 

Como funcionava o esquema?

Na teoria, aposentados poderiam autorizar o desconto de mensalidades para associações que ofereciam benefícios como assistência jurídica, descontos em medicamentos, planos odontológicos e convênios diversos. Na prática, o que se descobriu foi muito diferente.

Relatos de beneficiários que nunca autorizaram o desconto — e sequer conheciam as entidades — explodiram nos últimos dois anos. E os números confirmam o estrago:

De 2023 até maio de 2024, o INSS recebeu mais de 1,163 milhão de pedidos de cancelamento de cobranças não reconhecidas.

A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril pela Polícia Federal e pela CGU, foi o estopim para o escândalo vir à tona. De acordo com as investigações, há fortes indícios de que as associações utilizavam dados pessoais indevidamente para simular autorizações de desconto — em alguns casos, com falsificações documentais.

 

A escalada do golpe: uma década de prejuízos

A análise financeira do INSS revela um crescimento anormal no volume de descontos associativos nos últimos anos:

  • 2016: R$ 413 milhões
  • 2017: R$ 460 milhões
  • 2018: R$ 617 milhões
  • 2019: R$ 604 milhões
  • 2020: R$ 510 milhões
  • 2021: R$ 536 milhões
  • 2022: R$ 706 milhões
  • 2023: R$ 1,2 bilhão
  • 2024: R$ 2,8 bilhões (projeção)

“Isso não é só uma fraude financeira, é uma agressão à dignidade de milhões de idosos. Estamos falando de gente que vive com um salário mínimo e teve R$ 30, R$ 50 por mês descontados por anos — sem saber,” afirma a especialista em direito previdenciário Thaís Helena Godoy.

 

Quem está na mira?

Entre as entidades investigadas, estão associações conhecidas no meio sindical e outras de menor notoriedade, como:

  • Asabasp
  • AAPB
  • Asbrapi
  • Unaspub
  • Apdap Prev – Acolher
  • E outras sete (veja lista completa ao final da matéria)

O auditor da CGU José Alberto de Medeiros Landim, que coordena a apuração, já deu início à coleta de provas e entrevistas. Segundo ele, a prioridade será ressarcir os beneficiários e identificar os responsáveis legais pelas autorizações fraudulentas.

 

Reações e próximos passos

O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, afirmou em nota que a autarquia “não vai compactuar com nenhum tipo de desvio” e garantiu que novas medidas de controle já estão sendo implementadas.

Já o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Marques de Carvalho, declarou que “não se trata apenas de um desvio de conduta individual, mas de um possível conluio entre entidades civis e brechas sistêmicas que precisam ser fechadas com urgência.”

 

O que pode acontecer agora?

As entidades investigadas podem sofrer:

  • Multas administrativas pesadas;
  • Suspensão de suas atividades e convênios com o INSS;
  • Encaminhamento dos responsáveis ao Ministério Público Federal;
  • Ações civis e criminais por estelionato, falsidade ideológica e organização criminosa.

Além disso, a CGU pretende criar um novo sistema de autorizações digitais com biometria ou autenticação forte para garantir que só o titular possa aprovar descontos em seus benefícios.

 

Lista completa das entidades investigadas:

  1. Associação de Suporte Assistencial e Beneficente para Aposentados, Servidores e Pensionistas do Brasil (Asabasp)
  2. APPN Benefícios – Aapen (ABSP)
  3. Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (Aapps Universo)
  4. Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB)
  5. Associação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Asbrapi)
  6. Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap)
  7. União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub)
  8. Associação no Brasil de Aposentados e Pensionistas da Previdência Social (Apbrasil)
  9. Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambec)
  10. Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA)
  11. Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (Caap)
  12. Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (Apdap Prev – Acolher)

 

Este é um caso que afeta diretamente a confiança na gestão da Previdência Social. Como disse um aposentado de 74 anos em São Paulo, que teve R$ 480 descontados ao longo de 16 meses:

“Era dinheiro do meu remédio. Só descobri quando meu neto entrou no site do INSS. E eu nem sei o nome dessa associação...”

 

Fonte: Contadores CNT
Link: https://www.contadores.cnt.br/noticias/tecnicas/2025/05/07/fraudes-do-inss-veja-a-lista-das-1
2-entidades-que-serao-investigadas-pela-cgu.html




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